Sobre panelas, o.b. e garfinhos de plástico

Ouvi falar sobre a Joana Vasconcelos pela primeira vez no ano passado, quando ela expôs alguns de seus trabalhos no Palácio de Versalhes, sendo a primeira mulher e artista plástica mais jovem a fazê-lo. Depois vi outros deles expostos no Museu Coleção Berardo, em Belém. Então, quando ouvi falar que os trabalhos mais interessantes dela estariam sendo expostos no Palácio Nacional da Ajuda até dia 25 de agosto, não podia perder a oportunidade. 

O negócio dela é pegar objetos do cotidiano e colocá-los sob outra perspectiva, num contexto totalmente diferente do usual. Esse tipo de trabalho dá uma torcidinha na minha mente, me faz pensar e rir, sem precisar de um sentido claro. E tudo isso é muito atrativo pra mim. A ousadia dela já é motivo suficiente pra eu gostar.

Decidimos ir na quinta-feira passada, quando seria feriado e o Lê poderia ir comigo. Não é o programa preferido dele, mas é tão bom ter a companhia dele e me divertir ouvindo ele zoando quase tudo. Eu fico toda feliz porque ele topa.

Chegamos lá e a fila pra entrar na exposição tava dando voltas no pátio, percebemos que não passaríamos lá menos de 2 horas. Dei uma super desanimada, mas não queria ter ido lá à toa. Leandro ficou na fila e eu fui achar a bilheteria. No caminho percebi um sinalzinho verde escrito "fast lane" e vi luz no final do túnel. O ingresso pra acessar a fila rápida custava 5 euros a mais e salvou nosso dia.

A exposição estava bem cheia, mas valeu cada centavo e minuto esperado. Entrar numa sala e dar de cara com um brilhante e enorme par de sapatos feitos de panelas de inox e suas tampas não acontece sempre. As fotos não traduzem 10% do que realmente são essas obras. É preciso ver de perto.

E o Lê estar lá foi essencial pra eu gostar ainda mais de tudo. Por motivos diferentes dos meus, ele encontrou interessância em várias das obras e esses motivos também me fizeram enxergar coisas que nem sequer passariam pela minha cabeça. Quando a gente passou por um robozinho todo feito de ferros de passar roupa, eu achei uma gracinha e segui em frente. Leandro me chamou e falou "fica aqui que eles vão se mexer" porque ele tinha percebido a mecânica da parada. E não é que eles se mexeram como flores desabrochando?! Enquanto eu morria de rir do lustre enorme e lindo feito de o.b. (exatamente isso: absorventes íntimos), ele tava lá pensando em quantos tinham sido usados e como foi feita a estrutura. Eu abobada olhando pra um coração gigante feito de talheres de plástico e ele tentando entender como aquilo podia ter sido feito.

Se um dia eu resolver virar artista plástica, já tenho a pessoa ideal pra fazer ideias mirabolantes se tornarem realidade.

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